18 candidatos a vereador receberam auxilio emergencial tendo patrimônio

Atualizada  às 14h07

O Tribunal de Contas da União divulgou uma lista de candidatos que declararam ter patrimônio superior a R$ 300 mil reais e mesmo assim, receberam o auxílio-emergencial, durante a pandemia.

Em todo país foram 10.700 candidatos e 18 deles são de Bragança Paulista.

“Tais informações são cruzamentos de bases de dados públicos, disponíveis ao público em geral. Os dados dos candidatos estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e os dos beneficiários do auxílio estão no Portal da Transparência. Por essa razão, não vislumbro violação aos direitos individuais dos candidatos na divulgação das listas”, afirmou o ministro do TCU, Bruno Dantas.

Ainda de acordo com Dantas, inicialmente não se estabelecia restrições em relação ao valor do patrimônio dos beneficiários do auxílio. Todavia, uma Medida Provisória editada em setembro corrigiu esta falha e atualizou a regra para que “o auxílio emergencial residual não será devido ao trabalhador beneficiário que tinha, em 31 de dezembro de 2019, a posse ou a propriedade de bens ou direitos, incluída a terra nua, de valor total superior a R$ 300 mil”.

Até então, no entanto, quem recebeu o auxílio, mesmo com patrimônio superior a R$ 300 mil, não cometeu ilegalidade.

Os candidatos de Bragança Paulista que receberam o auxílio-emergencial e tem patrimônio maior do que R$ 300 mil reais são:

  • Marcio Bandeira, do Republicanos – R$ 307 mil em uma casa.
  • Elaine Olivotto, do PTC – R$ 900 mil em uma casa.
  • Ivanete da Telemensagem, do PSL – R$ 376 mil em uma casa, um veículo e depósito bancário.
  • Augusto Toscano, do PSD – R$ 343 mil em três partes de terrenos, uma casa e uma parte de outra, dois veículos, um prédio residencial, um apartamento, aplicações e depósitos bancários.
  • Nego Munhoz, do MDB (que teve candidatura indeferida pela Lei da Ficha Limpa) – R$ 400 mil em um caminhão e uma casa.
  • Doni, do Patriota – R$ 300 mil em duas casas.
  • Rogério Rosa, do PTB – R$ 350 mil em um terreno.
  • Wander Macedo, do Democratas – R$ 433 mil em dinheiro em espécie, caderneta de poupança, casa e quotas de capital.
  • David Moraes, do Democratas – R$ 414 mil em aplicações e investimentos, dinheiro em espécie, caderneta de poupança, quotas de capital, terreno, dois veículos e depósito bancário.
  • Marcelo da Sucata, do PDT – R$ 780 mil em duas casas e um veículo.
  • Miguel do Bar, do MDB – R$ 920 mil em duas casas e um veículo.
  • Loira (Leia Soares), do PSL – R$ 800 mil em uma casa
  • Evaldo Souza, do PSL – R$ 370 mil em quotas de capital e dois terrenos.
  • Zezinho, do PSC – R$ 371 mil em três veículos, duas casas e um terreno.
  • Lia Paixão, do PSB – R$ 721 mil em um veículo e uma chácara.
  • Ademilson da Disk Fácil, do Podemos – R$ 529 mil em uma casa, dois veículos e sociedade de uma empresa.
  • Luciano Gongalez, do PSL – R$ 378 mil em uma casa, dois veículos e quotas de capital.
  • Léo Monteiro, do PTC – R$ 485 mil em um carro, uma casa e uma retroescavadeira.
OUTRO LADO

A reportagem do Em Pauta entrou em contato com os presidentes e representantes de todos os partidos citados na matéria.

Lia Paixão, do PSB, informou que sua chácara e seu carro são seus únicos patrimônios, adquiridos tempos atrás. Hoje, ela não pode trabalhar, pois seu marido tem uma doença e precisa de cuidados em tempo integral.

Por isto ela teve que recorrer ao auxílio. Para se alimentar, comprar remédios e pagar as despesas.  Inclusive Lia enviou seu atual comprovante bancário, que está negativo no momento.

O candidato David Moraes, do Democratas, afirmou que o fato dele ter um patrimônio de R$ 400 mil não quer dizer que ele tenha o dinheiro em mãos. “É investimento que eu tenho, eu investi e continuo investindo, sou empreendedor”, afirmou.

David ainda relatou que sua academia ficou fechada na pandemia, tinha funcionários para pagar, empréstimos e a família pra sustentar. “Você queria o que, que eu vendesse meu patrimônio?”, indagou. Mas segundo ele, isso chegou a ser feito para ele se manter.

De acordo com o TSE, David no momento da declaração de bens, possuía R$ 40 mil reais em dinheiro em espécie.

Após a publicação, o candidato Augusto Toscano, do PSD, também entrou em contato com a redação do Em Pauta e afirmou que nunca recebeu auxílio emergencial.

“Eu abro minhas contas para a população, para provar que nunca recebi nada. Fui fundador da FM 102, vendi tudo aquilo ao Grupo Chedid e não precisaria de um centavo de auxílio emergencial”, disse.

Toscano disse ainda estar sendo prejudicado injustamente e tem uma vida pautada pela seriedade e respeito.

“Tenho moral e vida ilibada. Isso é inadmissível para um homem de bem como eu”, afirmou.

Quem também procurou o Em Pauta para prestar esclarecimentos, após a publicação da matéria  foi o representante do PTC, João Batista de Lima César.

De acordo com ele, o candidato Léo Monteiro está desempregado e por isto solicitou o auxílio. “Nada errado ou ilegal”, garantiu.

Já sobre a candidata Elaine Olivotto, o representante esclareceu que o valor de sua residência está errado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. O verdadeiro valor de seu imóvel é R$ 90 mil e não R$ 900 mil, conforme consta no sistema.

Ela mora em um apartamento do Minha Casa Minha Vida. E o partido solicitou retificação da informação do imóvel, no sistema de registro de candidatura.

“Ela não tem esse patrimônio”, garantiu João Batista.

Já o candidato Rogério Rosa, do PTB, esclareceu a reportagem que está desempregado, somente sua esposa trabalhando e por isto solicitou o saque emergencial do FGTS, que possuía de seu antigo emprego.
Segundo ele, o único terreno que possui em sua prestação de contas ele utiliza parte hoje, para moradia de sua família.

O candidato Luciano Gonzales, do PSL, também entrou em contato e informou que a casa e os dois veículos que constam como seus no sistema do TSE, não é dele.

De acordo com Luciano, somente a empresa de segurança que faz parte do patrimônio disponibilizado é sua. E como ele estava sem serviço, solicitou o auxílio emergencial, mas este foi negado justamente por ele ter a empresa em seu nome.

O candidato Marcelo da Sucata, do PDT, também procurou o Em Pauta e afirmou que as duas casas que constam em sua relação de bens ao Tribunal Superior Eleitoral, são de seus filhos.  Pois eles herdaram de sua falecida esposa.

Hoje, de acordo com o candidato, ele paga aluguel e não usufrui destes imóveis. Sendo que seu único bem é o caminhão, que utiliza em seu trabalho com sucata.

Caso outros candidatos entrem em contato com a redação do Em Pauta, esta matéria poderá ser atualizada.

CARTA DAVID MORAES (DEMOCRATAS)

“Eu, David Moraes, candidato à uma cadeira no legislativo, venho por meio dessa esclarecer alguns pontos relacionados ao meu patrimônio que foram divulgados nesse jornal na data de hoje.

Inicialmente quero dizer que sou Professor de Educação Física e empreendedor do ramo de academia de Musculação e Educação Física, comecei como funcionário e com muito esforço e dificuldade consegui empreender e abri a própria academia, localizada no Parque dos Estados

O valor divulgado por esse jornal é fruto do meu trabalho de quase duas décadas, e verdadeiramente é relacionado principalmente ao prédio onde está localizado o meu empreendimento.

Esse prédio foi construído através de financiamento com longas parcelas, e demorei longos 12 anos para conseguir entrar nele, haja vista que eu pagava aluguel para tocar meu empreendimento.

Os demais bens que possuo são: Um carro ano 2003 ainda financiado, uma moto ano 2004 e uma aplicação que pago R$60,00 por mês, todos somados dão aproximadamente esse valor, mas não quer dizer que tenho os valores anunciados em dinheiro.

Quando iniciou-se a pandemia, meu empreendimento foi um dos mais prejudicados, precisei mantê-lo fechado por 3 meses, fiquei sem renda, mas continuei com contas a pagar, inclusive o financiamento da construção do prédio, infelizmente fui obrigado a dispensar funcionário, pois com a academia fechada não tinha como pagar salários.

Fui obrigado a buscar o auxílio emergencial, pois de nada adianta ter um prédio com um valor razoável de capital se não temos a renda mensal para pagar as contas da sobrevivência, porém como muitas pessoas tive dificuldade receber os R$600,00, ao passo que durante o período fui obrigado a vender vários equipamentos da academia para me manter financeiramente, meu empreendimento quase fechou de vez.

Sobre o suposto dinheiro em espécie, declaro que não que não possuo tais valores e que foi um erro grotesco na declaração de imposto de renda na qual infelizmente passou despercebida por mim, inclusive já entrei em contato para a devida regularização.

Apesar de todos os problemas que a pandemia nos trouxe, ainda procurei ajudar algumas famílias me empenhando em pedir doações, foram 50 famílias no total, não queria fala sobre isso, mas está sendo necessário, pois a reportagem joga a minha imagem na vala comum da corrupção.

Ressalto ainda que estou fazendo uma campanha limpa sem atacar ninguém e sem usar nenhum recurso do fundo partidário, pois sou contra o uso do dinheiro público para campanha política.”

Para conferir outras notícias sobre as Eleições 2020 em Bragança Paulista e região, aliás é muito fácil.  Acesse:  https://bragancaempauta.com.br/tag/eleicoes-2020/

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