Famílias beneficiadas com equoterapia estão revoltadas com falta de explicações

Famílias beneficiadas com equoterapia estão revoltadas com falta de explicações

A partir do dia 1º de fevereiro, as 140 crianças que eram atendidas, desde 2011, pela Equoterapia Pé de Pano não terão mais o tratamento custeado pela Prefeitura de Bragança Paulista. As famílias não sabem como o serviço ficará a partir da data já que ainda não foram comunicadas da decisão pela Prefeitura.

O serviço foi implantado em 2008 e a Pé de Pano, venceu uma licitação em 2011. O contrato se encerraria no mês de abril e a antecipação do fim das atividades, pegou os pais e os prestadores de serviço de surpresa.

Segundo a proprietária do estabelecimento, Priscila Frederico Salarolli, ela assinou a rescisão do contrato na terça-feira, dia 26, conforme determinação do prefeito Fernão Dias da Silva Leme.

A rescisão foi assinada na Divisão de Licitação, Compras e Almoxarifado, na própria Prefeitura, mas sem a presença do prefeito, que segundo ela só a recebeu uma vez e depois mandou recado por telefone, por sua secretária, que o contrato seria mesmo extinto.

A reportagem esteve na Equoterapia Pé de Pano na manhã desta quarta-feira, dia 27, conversando não só com a proprietária do estabelecimento, mas também com mães e familiares dos alunos, que se sentem revoltados já que, segundo eles houve falta de comunicação e respeito da Prefeitura com os alunos e familiares.

Durante a entrevista, Priscila disse que está muito chateada pelo encerramento das atividades por causa de ver o sofrimento das mães das crianças que estavam em tratamento e observavam diariamente as melhorias e evoluções de seus filhos.

            “O prefeito Fernão Dias nunca esteve aqui, a não ser na campanha eleitoral. A vice Huguette, só veio no restaurante”.

Acrescentou que durante os três anos de mandato, nunca o prefeito e a vice-prefeita e também secretária de Educação foram conhecer o funcionamento do projeto ou a chamaram para alguma conversa.

Priscila disse que a primeira vez que foi chamada para uma conversa, foi em outubro de 2015.

“Eles alegavam que diante da crise financeira que se encontra o país, que era necessário fazer uma redução dos custos. Expliquei que não havia esta possibilidade, já que estávamos desde 2011 sem qualquer aumento e que isto já nos causava um déficit”, desabafou alegando ainda que durante meses chegou a receber os pagamentos atrasados”.

“Nos pagaram durante seis meses atrasado e nem por isto deixamos de prestar o serviço. Pararam de nos pagar atrasado, quando comecei a emitir boletos”, disse ela informando ainda que recebiam R$ 73,99 por sessão realizada.

“O controle da frequência é feito pela assinatura dos pais ou responsáveis na lista de presença”, acrescentou ela ressaltando ainda que em dezembro recebeu orientações para que o serviço fosse paralisado em janeiro.

“Me pediram para ver se havia possibilidade de dar alta para algumas crianças e paralisar o serviço em janeiro por causa das férias escolares. Expliquei que o serviço é continuo e não pode ser paralisado e as aulas continuaram”.

Priscila informou ainda que desde o final de 2015 uma funcionária da Secretaria Municipal de Educação acompanha diariamente as atividades e que foi informada que isto estava ocorrendo devido apontamentos do Tribunal de Contas, que indicavam que o serviço deveria ser pago pela Secretaria Municipal de Saúde e não Educação.

Ela acrescentou que em nenhum momento recebeu algum relatório do acompanhamento das atividades e que em todos os contatos as alegações foram financeiras.

Disse ainda que ficou surpresa quando o prefeito Fernão Dias fez algumas declarações na imprensa há alguns dias.

“Ele disse em entrevista que o contrato se encerraria em abril e que por causa dos apontamentos do Tribunal de Contas seria necessária uma reavaliação, mas dias depois reincidiu o contrato. Também disse, em entrevista, que atendíamos crianças da rede estadual e do SESI e deveríamos atender apenas alunos da rede. Se há um erro nisto, a culpa não é nossa. Quem indica as crianças que passam pelo tratamento é a Secretaria Municipal de Educação”, ressaltou.

Priscila acrescentou que diante de tudo que aconteceu procurou por diversas vezes o prefeito, que lhe atendeu na sexta-feira, dia 22 e se mostrou, segundo ela, sensibilizado com as crianças, pedindo que ela voltasse para uma reunião na segunda ou terça-feira.

“Tentei falar com o ele na segunda e na terça e não consegui. Até que sua secretária me ligou e disse que não haveria mais reunião e eu deveria acatar a decisão do Fernão”, disse.

Além de conversar com ela, a reportagem entrevistou também mães e avós das crianças. Todas estavam revoltadas com a situação. Disseram que em nenhum momento a Prefeitura as procurou para dar qualquer tipo de satisfação.

“Não recebi nenhuma ligação, nenhum comunicado da Prefeitura Isto nos dá um sentimento de revolta. Meu filho faz equoterapia há seis meses e já melhorou muito”, disse Fabíola mãe de Bruno de 8 anos.

A avó do Gabriel, Maria Aparecida, não sabe como será a vida do neto de 9 anos sem o tratamento. “Tenho os laudos dos fisioterapeutas que indicam como ele melhorou. Hoje ele já firma o pescoço e faz movimentos com os braços que antes não fazia”, disse.

Vaneide que é uma das que tem as filhas Vera e Verônica há mais tempo no local estava desconsolada. As meninas, autistas, com o tratamento tiveram melhorias com relação ao convívio social e também a postura e equilibro. A mãe se emocionou ao ver a felicidade de Verônica, talvez, pela última vez em cima do cavalo.

Versão da Prefeitura

A reportagem entrou em contato com a administração municipal a fim de obter esclarecimentos sobre o ocorrido.

A Divisão de Imprensa informou que o contrato “deveria ter sido feito pela Secretaria de Saúde, por ser tratamento de saúde e não educacional. Com esta alteração, o serviço que hoje é oferecido apenas a alunos da Rede Municipal, passaria a atender toda a população bragantina”

Questionados porque o prefeito disse em entrevista que não encerraria o contrato e dias depois o mesmo foi extinto a Divisão de Imprensa, explicou que: “ Em entrevista ao BJD foi dito que o tratamento equoterápico não seria encerrado no município e não que o contrato não seria extinto, afinal, o mesmo se encerrará em abril”.

FernãoNota-se, entretanto, na imagem ao lado, que a frase publicada pelo jornal está entre aspas, e portanto, trata-se de uma citação do prefeito e que o mesmo disse que a direção criou um alarde que não condizia com a realidade.

A Divisão de Imprensa, explicou ainda que: “a Prefeitura pretende implantar serviço próprio, pois dispõe de mão de obra qualifica para tal atividade. Desta forma, não desampara as crianças que necessitam do tratamento, economiza recursos públicos e atende os apontamentos do Tribunal de Contas”.

Questionados sobre quando o serviço entra em funcionamento a resposta foi: o mais breve possível.