Jesus Chedid afirma que tem condições de saúde e disposição para ser novamente prefeito

Jesus Chedid afirma que tem condições de saúde e disposição para ser novamente prefeito

A reportagem do Bragança Em Pauta, dando continuidade à série de entrevistas com pré-candidatos a prefeito, esteve na Morada das Pedras e conversou com o ex-prefeito Jesus Chedid.

Ele afirmou que é pré-candidato a prefeito pelo Democratas e que diferente do que adversários tentam espalhar, ressaltou que tem condições de saúde para enfrentar a campanha e se for vitorioso, administrar a cidade.

“Sou pré-candidato a prefeito e felizmente de saúde tenho plenas condições e muita disposição. Talvez a vontade de servir, o desejo de buscar resultados até fortaleça a saúde”.

Questionado sobre as administrações que lhe sucederam disse que não cabe a ele analisar os governos de Jango e Fernão Dias.

“Eu já fui prefeito, já fui candidato, tenho outro grupo político que é diferente tanto do Jango quanto do Fernão. Cabe a população analisar, não é? Eu vejo com muita preocupação a administração atual de Bragança”.

Diante da crise que assola o país e cortes em diversas áreas no município, a reportagem o questionou sobre quais serão os desafios para o próximo prefeito.

“O primeiro grande desafio é motivar a população de Bragança. Eu acho que a cidadania do bragantino está muito para baixo. Eu acho que nós temos que injetar ânimo na população e ao lado disto, conquistar o funcionalismo”.

Durante toda a entrevista, o pré-candidato repetiu diversas vezes a importância de se resgatar a autoestima dos servidores.

“Muitos candidatos e pessoas que ocupam os cargos executivos podem dar o valor menor que eu dou aos servidores. Para administrar Bragança é preciso administrar com o funcionalismo. Eu entendo que sem o funcionalismo puxando do mesmo lado que a gente não chegamos lá.  Nas atuais condições de Bragança é fundamental motivar o funcionalismo para que eles comprem a briga junto com a gente. Você já imaginou mais de 4 mil funcionários desanimados? Imagine a diferença se nós tivermos 4 mil e tantos funcionários animados. Imagina que eles vejam perspectivas de melhora, que podem e devem acontecer”.

Ainda com relação ao funcionalismo o ex-prefeito ressaltou que em 2005 deu aos funcionários aumento de 20% e que depois disto o funcionário não teve nem correção do salário.

“A oposição me criticava. Falava que eu não ia conseguir fazer o pagamento. Eu paguei todo mundo e em junho daquele ano eu tinha inclusive o dinheiro depositado para pagamento do 13º salário”.

O aumento foi criticado, ne época, principalmente pelo grupo de Jango que meses depois assumiria a Prefeitura após decisão da Justiça Eleitoral e acusava o aumento de manobra política para prejudicar a administração.

“Tínhamos 2 mil e poucos funcionários naquela época, mas eles trabalhavam como se fosse 4 mil. Eles trabalhavam com gosto e falavam “Eu sou reconhecido aqui. O cara me deu 20%, diziam que ele não ia pagar e ele está pagando”. É fundamental ter o funcionalismo do lado da gente”.

O pré-candidato disse ainda que Bragança Paulista precisa de uma virada e ressaltou que apesar de existir realmente uma crise em todo país, em sua visão o que existe em Bragança é problema de gestão.

“Falta o administrador perceber a crise. Quando os números indicam que existe crise temos que trabalhar para se prevenir. Eu dou exemplo da Prefeitura de Serra Negra. Em março eles chamaram o funcionalismo e disseram que iam pagar em dia os funcionários e era preciso aumentar a produtividade. O prefeito de Serra Negra cortou muita coisa na carne, cortou mesmo, só que não demitiu um funcionário”.

Ressaltou ainda que não há funcionário que trabalhe feliz quando há riscos de não receber. “É a comida, a alimentação, o vestuário. O prefeito de Serra Negra disse que ia vencer a crise e não aumentar a crise desempregando gente e manteve os cargos de confiança”, disse.

Conhecido por gostar de realizar festas, Jesus Chedid disse que ficou muito triste com a falta de investimentos no Natal e no Carnaval.

 “Eu fico muito triste porque nós fizemos um Natal que transformou a cidade. Isto acaba tendo mais dinheiro na cidade, acaba movimentando o comércio, a indústria os serviços e o mesmo vale para o Carnaval”.

Acrescentou que o objetivo da Prefeitura investir no Carnaval e no Natal, era que as pessoas não saíssem da cidade e gastassem em Bragança.

 “Queríamos que as pessoas além de não saírem da cidade, trouxessem para cá os amigos os parentes e as famílias. Ficavam aqui e ao invés de levar dinheiro para fora traziam mesmo os amigos. Lembro inclusive que um dia tinha 25 ônibus da região aqui para ver o nosso Natal. Eu fui no final do ano na Rua do Mercado, que tristeza. Eles conseguiram dar fim até naqueles ferros e aços dos arcos e colunas. Se eles colocassem só aquilo já era um enfeite”.

Ainda falando do Natal e Carnaval fez novamente uma comparação com a cidade de Serra Negra, que segundo ele economizou 1/3 da verba investida no Carnaval em 2016 com relação aos gastos de 2015, mas não deixou de manter a tradição da cidade.

“Isto é gestão e com a programação mantida e as economias o prefeito de Serra Negra conseguiu que o Carnaval fosse divulgado em rede nacional no SBT gratuitamente. Quanto custa isto? Já aqui em Bragança, tudo é difícil, tudo corta. Não investir no Carnaval é perder dinheiro. É dinheiro na cidade. É o bar movimentando, o restaurante vendendo. É a loja vendendo, o sorveteiro na rua vendendo, os ambulantes vendendo. Faça uma soma disto aí. É muito dinheiro. Agora vai ser muito difícil recuperar”.

Sobre o aumento de salário dos vereadores, secretários, prefeito e vice-prefeito, o pré-candidato respondeu que concorda com aumento, mas não com os percentuais e foi além:

“Eu acho que o aumento é normal. Não são normais os percentuais. O que o prefeito de Bragança já ganha já ganha muito bem. Por uma questão de ética ele deveria ao menos manter. O dos secretários eu vou mais longe. Eu acho que os secretários tiveram aumento pequeno. Eu poderia fazer demagogia falando que é pequeno, mas não vou. Porque foi aumentado em cerca de mil reais, mas ele tem que ficar quatro anos congelado. Como Bragança vai achar profissional para ser secretário ganhando 10 mil reais, daqui dois ou três anos? Não vai ter gente capacitada. Houve um erro da Câmara Municipal e do prefeito, no meu modo de entender. Mas os secretários tinham que ganhar mais, porque senão não vamos encontrar profissionais a altura. Você economiza com o salário dos secretários e acaba gastando com despesas desnecessárias”.

Chedid falou ainda que achou um absurdo o que foi feito com a equoterapia e que não entende como podem acabar com um serviço destes e não se mexer nos contratos de radar e asfaltos, por exemplo.

“Não se mexe com as taxas absurdas e de radar. Não se mexe com contratos esquisitos. Bragança paga mais que outras cidades pelo metro quadrado de asfalto, segundo levantamentos. Quanto a equoterapia, se com o serviço recuperar uma criança em um ano já está bom. É uma vida. Me arrepia de pensar que para economizar cortou isto”.

Sobre as séries de demissões que a administração realiza desde o ano passado ele novamente criticou a ação como falta de gestão:

“Ficam lá demitindo um ou outro, economizando em coisas que não dá para economizar, achando que é economia. Isto não é economia. É falta de gestão, com todo respeito”.

Jesus Chedid disse ainda que o próximo prefeito terá que, diante da situação atual da cidade, ter tudo como prioridade.

“Eu tenho dito isto aqui para nossos colaboradores: tudo será prioridade. Agora no mês de março iniciaremos a programação do nosso Plano de Governo. Um plano de governo, de qualquer candidato para assumir Bragança tem que ser um plano audacioso. Não agressivo, mas factível, realizável, se não arrebenta com a população”.

Disse ainda que o futuro prefeito terá que contar com apoio da população.

“A população tem que entender que nos primeiros meses, nós vamos fazer muitas coisas, se chegarmos lá, mas não temos varinha mágica para falar que dá para fazer tudo. Dá para fazer muita coisa”.

O pré-candidato falou também, que tem planos para melhoria do transporte coletivo, que não adianta só tratar sobre a tarifa, mas sim melhorar a qualidade do serviço prestado. Ele criticou a terceirização da saúde e a educação

“As professoras estão felizes? Nós temos que ver, examinar. Se não estão felizes, porque não estão felizes? A educação não tem aprovação em Bragança. Há uma falta de engrenagem com o Poder Público e o professorado. Há uma falta de engrenagem entre a administração e o funcionalismo. Há isto também na área de saúde. Você pega uma empresa de fora e entrega a saúde toda para eles. Entregou, não fiscaliza mais nada, não exige mais nada”.

O pré-candidato criticou também a manutenção da cidade.

“Como pode deixar uma cidade suja deste jeito? Em 2004, eu fiz a campanha com o slogan “Eu nunca vi minha cidade tão bonita”, mas apesar da cidade na época estar limpa e bonita eu queria melhor, queria limpa, brilhando, queria melhorar. A cidade é casa da gente”.

Jesus Chedid falou que foi muito difícil ficar tanto tempo fora da administração. “É difícil. Com tantos anos de Prefeitura em Bragança e Serra Negra, com tantos anos acompanhando a administração do meu pai, de 1969 a 1972, a gente sabe, a gente vê que dá para fazer. É isto que entristece a gente”.

Ele disse ainda que tem o sonho de administrar Bragança novamente para terminar a canalização do Ribeirão do Lavapés e retomar o programa que tinha de asfaltar a Zona Rural, denominado na época de Plano de Manutenção de Via Pública (PMVP).

“Teriam que ter dado andamento nestes dez anos que fiquei fora do poder na canalização do Ribeirão. Não fizeram e hoje se vê enchentes aqui, alagamentos lá. É caro, fica embaixo da terra, mas tem que fazer”.

O pré-candidato disse que lamentou muito o fechamento do Bom Jesus e que, seu grupo, se eleito, pretende reabrir a unidade.

“O Bom Jesus é um hospital que nós já tínhamos a segunda fase aprovada.  Íamos fazer 25 apartamentos e com isto, pequenas cirurgias seriam realizadas lá. Nos primeiros meses de uma possível administração do nosso grupo, o Bom Jesus tem que reabrir”.

Ele disse ainda que não tem impedimento legal para ser candidato. “Por causa da cassação não tenho mais problemas. Alguns dizem que não posso ser candidato por causa da prestação de contas. Contas, para tornar a pessoa inelegível tem que haver dolo, erro insanável e não é o caso”.

Jesus Chedid, explicou que suas contas foram rejeitadas por causa de precatórios.

“Se não tivesse aplicado recursos em educação era um erro insanável porque tinha que gastar. O precatório que devia foi pago no início do ano seguinte. No caso em que fomos condenados eu e o Jango, eu estava em dia com o pagamento, mas o Jango falhou nos meses de novembro e dezembro, mas ele pagou no ano seguinte e a questão foi sanada”

Quanto ao processo da cassação o ex-prefeito explicou que além do processo eleitoral, o caso ainda está em julgamento no Superior Tribunal de Justiça, que analisa se deve ou não devolver aos cofres públicos de forma corrigida 400 mil reais que usou em propagandas, consideradas pelo Tribunal Superior Eleitoral irregulares.

“Eu não me arrependo dos programas. Não os considerei ilegal”.

Chedid informou ainda que as outras pré-candidaturas do grupo foram anunciadas para valer e que caberá a cada um conquistar o grupo.

“Se tiver uma decisão de que eu não seja o candidato tudo bem. O candidato vai ter meu apoio e apoio irrestrito do Edmir. E a gente vai medir quem cresce mais para se preparar para a eleição. Eu tenho muita vontade de ser o candidato. Os filhos já concordaram. Até a esposa agora já concordou”.

Sobre as mudanças eleitorais, o pré-candidato disse que antigamente fazer campanha era muito mais animado e que sente saudades.

“Era uma festa. Ninguém compra ninguém com uma régua, um boné. Era uma festa. Eu gostava muito. Mas agora a legislação é esta. Temos que respeitar. E este ano a gente nota que haverá uma fiscalização maior dos gastos de campanha por causa da corrupção. Quem acha que vai se eleger com dinheiro, pode ficar no meio da estrada”.

Afirmou ainda que o número de abstenções deverá aumentar porque há uma grande decepção com a classe política.

“Agora político parte como culpado. A gente tem que provar que é sério”.