O jogo de xadrez para a eleição 2020 já começou

Por Ana Maria de Oliveira

A gente nem se acostumou ainda com o novo presidente eleito, Jair Bolsonaro, os deputados estaduais de São Paulo, sequer tomaram posse, mas em Bragança Paulista, políticos já respiram as eleições 2020.

E assim como foi no âmbito nacional, o clima parece que vai ser quente.

Se você acha que é muito cedo para se preocupar com quem vai votar, não é não. Agora é hora de ficar de olho nas aproximações, conchavos, e dança das cadeiras.

Vereadores, por exemplo, aguardam ansiosamente pela janela para trocar de partidos. E como é necessário, pelo menos seis meses de filiação partidária, agora é a hora também de organizar a militância. E os grupos tem feito isto, alguns de forma mais discreta, outros nem tanto.

Polarização Chedid x anti-Chedid

A polarização que em âmbito nacional foi entre coxinhas x mortadelas ou direita x esquerda, não tem força em Bragança Paulista. Por aqui a briga é entre o Grupo Chedid x os Anti-Chedid. Por enquanto, nesta briga não tem destaque para lideranças de nenhum dos dois lados. Alguns nomes ainda devem ser testados em pesquisas. Dependendo das escolhas, aliás, podemos ver uma briga da direita x extrema direita.

De um lado, Jesus Chedid com 80 anos e problemas de saúde provavelmente não deve ser candidato a reeleição. Além da saúde, vale lembrar que ele tem uma condenação em segunda instância. Esta decisão, proferida após o pleito de 2016,  por causa de obras no Bragantino, teoricamente o deixaria inelegível.  Enquanto uns falam em Amauri Sodré outros cogitam Victor Hugo Chedid, filho de Edmir Chedid como candidato. O fato de ser jovem, ter espírito de liderança e sobrenome Chedid, pode pesar na escolha.

Os Chedid, no entanto, trabalham sempre com base em pesquisas e como até 2020 tem chão, ainda vão preparar o terreno. Além disso, sabem que sem Jesus Chedid na disputa o cenário é sempre diferente.  A transferência de votos dele para quem quer que seja o candidato do grupo deve existir, é claro. Porém, é preciso saber também quem serão seus adversários.

O jogo de xadrez para as eleições de 2020 já começou e um erro pode ser fatal. E é por isto, que o Grupo Chedid se movimenta nos bastidores, arregimenta seguidores e espera o posicionamento dos adversários, que nem sempre conseguem se entender.

Enquanto os anti-Chedid não se articulam não há polarização e como a campanha é mais curta fica difícil decolar candidatura. A campanha de Alckmin em 2018 deve servir de exemplo.

Clima quente

Uma outra coisa é fato: assim como em 2018 a eleição de 2020 promete ser uma eleição movida pelas paixões, disparos de mensagens nas redes sociais, fake news, discursos quentes. Hoje,16, por exemplo, recebemos um vídeo muito mal feito, contra a administração do prefeito Jesus Chedid, claramente distribuído com a ideia de atingir sua imagem.

Falando em discursos quentes, durante a semana Jesus Chedid protagonizou uma briga com o vereador de sua base Ditinho Bueno. Ditinho do Asilo ameaçou sair da sala durante um reunião e sem titubear, o chefe do Executivo disse que ele se retirasse. Inexperiente, Ditinho Bueno ficou. Sair significaria romper com o grupo que o elegeu. Desafiar, Jesus Chedid, como poucos tiveram coragem durante toda trajetória política dele. No entanto, ele ficou.

O vídeo da briga publicado em primeira mão pelo Bragança Em Pauta, teve milhares de visualizações. A repercussão foi enorme. Ditinho é um dos que cogita mudar de partido. Gravou um vídeo e publicou em suas redes sociais inclusive dizendo que recebeu convites.

Nos corredores da Câmara os boatos de que um dos convites veio da família Bolsonaro. Aliás, o que muitos querem é repetir o fenômeno Bolsonaro nos municípios.

PSL em Bragança

Em Bragança Paulista, em 2016 o PSL estava nas mãos de Dorival Francisco Bertin, secretário de Segurança da atual administração. Porém, logo após as eleições do ano passado, o partido passou para as mãos do Coronel Américo Massaki Higuti.

E assim como aconteceu em âmbito nacional o grupo já se movimenta nas redes sociais, em reuniões públicas, audiências, pedindo o que eles chamam de mudanças de verdade.  E embora ainda não seja possível saber como estará o governo de Jair Bolsonaro até lá, não se pode fechar os olhos para o partido.

Um dos filiados do PSL, é Rodrigo Pires Pimentel, que em 2016 sonhava ser candidato pelo PRB e viu o partido ir parar nas mãos do grupo Chedid. Na época ele se filiou ao PTB e abriu mão da candidatura para Gustavo Sartori e Renato Frangini.

Gustavo Sartori

Gustavo Sartori, que chegou a ser secretário estadual no governo de Márcio França, é um dos nomes para disputa. Ele vem se movimentando com reuniões e opinando em suas redes socais sobre fatos importante da cidade. Diferente dele, Frangini simplesmente sumiu.

Além de ficar de olho no PSL é importante ficar também de olho no Partido Novo, do bragantino Daniel José, eleito deputado estadual. Ambos partidos, tem o discurso do novo e mudança. Além disso tem uma atuação massiva nas redes sociais que já estão sendo construídas localmente. Se terão forças para montar um grupo local para enfrentar os Chedid, só o tempo dirá.

Quem estava sumido e tem reaparecido em reuniões é o ex-vereador Miguel Lopes, que sempre muito articulado deve disputar uma vaga na Câmara Municipal. Ele tem sido visto, com frequência nos corredores do palácio Santo Agostinho e nos bastidores falam de sua reaproximação do grupo Chedid.

Além de Miguel Lopes, quem também tem se articulado de olho nas eleições de 2020 é João Carlos Carvalho. Depois de tirar o PSDB de João Afonso Sólis (Jango) e apoiar Chedid em 2016, ele rompeu com o grupo. Sua saída do PSDB também parece certa.

Com um discurso agressivo ele tem se colocado nas redes sociais como opção de mudança, porém, vale lembrar sua pífia votação em 2012, quando foi extremamente mal votado para prefeito. Naquela eleição Fernão Dias do PT ganhou a disputa contra o grupo Chedid por apenas 21 votos.

A esquerda

O PT de Fernão Dias ficou ainda mais enfraquecido na cidade após sua gestão e as eleições de 2016. Com o anti-lulismo, não se sabe qual será o futuro do partido na cidade. Bruno Leme candidato em 2016 adotou como plataforma a moradia popular e nos bastidores políticos cogita-se sua candidatura a vereador.

Em 2020 tem uma mudança na lei eleitoral. Para vereador não será mais permitida a coligação de partidos. Serão eleitos os mais votados, de cada partido, desde que o partido alcance o coeficiente eleitoral. Neste cenário PT e PSOL estão de olho também nos votos de legenda dos eleitores de esquerda. O PSOL que teve Renan Oliveira como candidato a prefeito continua seu trabalho junto aos movimentos sociais e se manifestando pela internet

Rodrigo Mendes Rodrigues que foi o 7 candidato mais votado da cidade para vereador, porém, não foi eleito pois não atingiu o coeficiente eleitoral, é um dos nomes do grupo.

Jango poderá ser candidato?

Outro que também tem se movimentado nos bastidores é o ex-prefeito João Afonso Sólis (Jango), que tem apoio de parte do funcionalismo, por sua postura mais democrática que os sucessores. Jango, no entanto, apesar de não ter condenações em segunda instância, que o tirariam da disputa, por causa da Lei de Ficha Limpa, tem processos ainda pendentes na Justiça.

Vale destacar inclusive, que se Jesus Chedid, em seus discursos vinha até então atacando somente Fernão Dias. A fala mudou. Jango também passou a ser alvo das criticas do prefeito. Provavelmente a mudança, seja baseada em pesquisas e percepção eleitoral sentida pelo grupo Chedid.

Enfim, o jogo de xadrez para a eleição 2020 já começou e o Bragança Em Pauta, vai ficar de olho nestas jogadas!

 

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