Opinião – Drogas: vamos perder a guerra?

Opinião – Drogas: vamos perder a guerra?
No dia 29 de agosto de 2014, publiquei em minha página pessoal no facebook um texto intitulado: “
Brincadeira de criança?”, que reproduzirei aqui.
“Acompanhei na tarde de quinta-feira, (29/08/2014)  a Guarda Civil Municipal em uma operação no CDHU. A operação, mais uma vez foi sucesso, mas não é sobre isto que quero falar.
Tenho um filho e no momento que eu escrevia este texto ele estava brincando de carrinhos. Sempre que tem oportunidade pega a minha máquina fotográfica e o computador e fala que vai trabalhar. Você tem filhos? O que eles estão vendo você fazer neste momento, do que eles estão brincando?
Centenas de crianças pelo país a fora observam seus pais consumirem ou embalarem drogas. Que futuro estas crianças terão?
Durante a operação além das pessoas presas e das drogas apreendidas, o que pela minha profissão acaba sendo, para mim, um fato corriqueiro, o que me chamou a atenção foram alguns pinos que encontramos no chão, onde crianças costumam brincar, na rua.
Não, nos pinos não haviam drogas. Como também não havia drogas em uma trouxinha, geralmente utilizada para embalar maconha. Nos pinos havia terra e na trouxinha um pedaço de isopor.
Ao invés de brincar de médico, professor, polícia, bombeiro, carrinhos, bonecas ou bola, as embalagens com terra e isopor evidenciam que nossas crianças estão brincando de traficantes. Isto assusta, entristece e me faz ter a certeza cada dia mais que: para vencer esta guerra precisamos todos nos unir.
Que tal a gente começar brincando e conversando mais com os nossos filhos no final de semana? Onde estão nossos adolescentes? Com quem eles andam? Quem são seus heróis? Quais são os seus sonhos?
Bragança Paulista, 29 de agosto de 2014
Ana Maria de Oliveira
Mãe e jornalista”
Decidi republicar este texto, já que diante do caso ocorrido no sábado, em frente ao Condomínio Euroville, creio que o assunto da vez sejam as drogas.
O problema não está na periferia, onde as crianças brincam de traficar. O problema não está nos condomínios. O problema está no mundo inteiro.
Não é problema de segurança pública. É um problema social e sinto, infelizmente, que estamos perdendo a guerra para o tráfico.
É necessário que algo seja feito o mais breve possível pois estamos perdendo a guerra.
Perdemos quando uma menina é estuprada por 30 homens em uma favela, perdemos quando diariamente menores de idade entram no mundo do crime, perdemos quando pais acham que é normal um menor de idade tomar uma cervejinha.
Perdemos quando as pessoas preferem criticar a ação da polícia e defender os bandidos, quando os pais observam que seus filhos cada dia estão com alguma roupa, ou celular novo, mas não trabalham e não questionam de onde vem tudo isto.
Perdemos quando ao invés de discutir questões sociais pessoas tentam tumultuar um caso e envolver questões pessoais e políticas.
O facebook é uma ferramenta incrível quando bem usada. Pode ser também usada para disseminação de ódio, mentiras e boatos.
É uma ferramenta perigosa, ainda mais quando estamos em ano eleitoral. E é preciso ficar atento a tudo.
Como dizem os antigos: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.
Fiquei horas me segurando para não escrever,  até porque todos sabem que por muitos anos trabalhei com o Sérgio Pereira e diferente de muita gente por ai, não queria escrever com paixão e sim com razão.
Me sinto a vontade para escrever sobre o fato justamente porque o conheço bem.
Aprendi, com o passar dos anos, que política não se faz com o fígado.
Jornalismo também não.
Não estamos falando de um jogo entre Palmeiras e São Paulo. Não estamos falando de política.
Estamos falando de um problema familiar, de um problema social e de tráfico de drogas.
Para a ação e reação dele existem leis.
E o Sérgio acionou a polícia, acionou o socorro. Em nenhum momento fugiu, ou não quis entregar sua arma. Foi autuado em flagrante e por ser réu primário teve a prisão relaxada.
Enfim, vamos focar em divulgar os acontecimentos, afinal quase meio kg de maconha foram apreendidos. Segundo as primeiras informações também havia êxtase e LSD.
Não havia drogas apenas com o rapaz. Havia também na casa do mesmo.
Isto deve estar em pauta. E não outros assuntos.
No caso de sábado, não está em discussão a amizade do prefeito Fernão Dias com o ex-secretário de Trânsito e Segurança, Sérgio Pereira da Silva.
Não está em discussão a vida política do Sérgio. Até porque ele não agiu como ex-secretário. Ele agiu como pai. Não está em discussão o que ele faz da vida, para onde viaja e o que tem.
Muito me entristece ver, inclusive aqui na minha página, algumas discussões, nos comentários da matéria, que se encaminham para este lado.
Me espantei também ao ver um vídeo postado em um dos comentários.
Como uma pessoa, sem ser policial ou advogado, consegue entrar em um hospital e gravar um vídeo com um acusado de tráfico?
A imprensa não consegue entrar.
Quem o autorizou? O rapaz já estava preso não estava?
O lado bom do vídeo é que pelo menos tira dúvidas, de quem cogitou que a droga tinha sido “plantada”, afinal no próprio vídeo o acusado de tráfico confirma que primeiro entregou “coisas”.e que Sérgio Pereira não chegou atirando.
Boatos e desdobramentos do caso a parte, esta não deve ser apenas a luta de um pai por sua família.
Deve ser a luta de toda a sociedade contra o tráfico de drogas, que financia tantos outros crimes.
 Não dá mais para ficar parado.
Ao meu amigo Sérgio, o que tenho para dizer, lembrando sábias palavras ditas a seu respeito, é que ele continue sendo forte como a bigorna que é capaz de deformar o martelo que a maltrata.
Ana Maria de Oliveira
Mãe e jornalista
29 de maio de 2016