Prefeito Fernão Dias analisa possibilidade de ser candidato

Prefeito Fernão Dias analisa possibilidade de ser candidato

 

Dando continuidade à série de entrevistas com pré-candidato a prefeito, a reportagem do Bragança em Pauta conversou com o prefeito Fernão Dias da Silva Leme, que não confirmou nem descartou uma possível candidatura à reeleição.

“Estou analisando. Eu tenho meu partido. Eu defendo o Partido dos Trabalhadores. E estou analisando. Pode ser que seja sim, principalmente se vier algum Chedid como adversário. Ou Edmir, ou o Jesus. É uma coisa que me agrada muito, disputar com algum dos dois. Caso contrário, minha vontade diminui muito”.

Fernão Dias falou também sobre a crise política que assola o país e que por ser do PT, sabe que isto pode afetar uma possível recandidatura visto que em seu ponto de vista, as críticas são maiores.

“A gente não é cego. Há uma rejeição intrínseca no Estado de São Paulo ao Partido dos Trabalhadores, mas vejo a crise como uma crise política que se tornou econômica e de proporções mundial. Uma crise que assola a União, assola os Estados e os municípios”.

O prefeito ressaltou que apesar das críticas que sofre, não vê críticas ao Governo do Estado por medidas similares.

“Veja bem, eu não vejo as mesmas críticas ao governador do Estado por exemplo. Ele também fez cortes absurdos dentro do Estado. Ele também não promove o aumento do funcionalismo. Ele também está em um período de contenção de despesas no mais alto grau. Com todas estas medidas, muito parecidas com as minhas, não sofre as críticas que sofro”.

Fernão Dias afirma que os cortes que vem fazendo desde o ano passado são sinônimo de responsabilidade, e que soube assimilar as críticas por causa disto.

“Eu faço por Bragança. Eu faço com responsabilidade com o dinheiro público e queria deixar muito claro isto daí. Não é soberba, não é ser metido, mas de verdade, neste momento sério que o município atravessa financeiro, ainda bem que se tem um prefeito com o meu rigor. Um prefeito que soube assimilar todas as críticas quando não tem o Natal porque economizei 300 mil, um prefeito que teve a coragem de romper com imprensa oficial que sugava do município 50 mil reais por mês, um prefeito que teve a coragem de acabar com Carnaval bragantino que sugava 1 milhão e meio de reais, um prefeito que conseguiu diminuir as horas extras de 2012 a 2013 por volta 2 milhões de reais por ano, um prefeito que tem rigor excessivo com as contas públicas e que não tem nenhum desperdício de dinheiro”.

O prefeito disse ainda que o momento pelo qual o país passa não o favoreceu na realização de obras e falou sobre seu estilo de administrar.

“Eu acho que se o momento de fato não é bom para a realização de obras foi bom para demonstrar o quanto qualquer administração precisa de um prefeito com este pulso que eu tenho. Eu nunca demonstrei o meu estilo de político. Quando você está em uma campanha onde você vai ficar? Na rua. Agora onde é meu local de trabalho? Na Prefeitura. As coisas chegam para mim. Eu não sou cego. Eu administro daqui de dentro. Não preciso estar na rua. Eu não faço política de ir em supermercado e ficar abraçando e beijando os outros. Eu sou diferente. Se é estilo certo, se é o estilo errado…Eu não saio. Eu gosto de administrar de dentro do gabinete. Mas recebo todas as pessoas. Todas as pessoas que querem falar comigo eu recebo.Todas sem exceção. Por isto eu acho que é um estilo diferente, talvez não seja comum no meio da política, mas é meu estilo”.

Questionado pela reportagem se ele se arrepende de alguma coisa afirmou que não prometeria algumas coisas que prometeu em campanha, como por exemplo a construção de um Centro de Educação Unificado na Zona Norte.

“Dentro da realidade financeira que o município atravessa eu não me comprometeria com algumas coisas. Talvez em uma próxima campanha eu seja muito mais próximo da realidade, diferente dos outros. Se eu tivesse nos anos de 2008, 2009, talvez eu conseguisse fazer um CEU. Eu não tive percepção que a crise vinha e eu não conseguiria fazer”.

Fernão Dias falou também da maior marca do seu governo: a construção de mais de 1600 casas populares.

“Na habitação nós arrebentamos. Foi um compromisso de campanha. Nós falamos em 2 mil moradias. Nós conseguimos 1650. Só não fizemos mais porque não passou a lei de Zona Especial de Interesse Social (Zeis) na Câmara Municipal, porque eu ia conseguir mais captação para Bragança. Com a crise financeira que o pais vive a minha administração foi salutar neste sentido: pulso firme e fazer a diferença na vida das pessoas mais necessitadas. Quando você fala em 1650 moradias, são 1650 famílias, um percentual de 5, 6 mil pessoas, é uma Pedra Bela, uma Tuiutu, que nós construímos. É uma cidade”.

O prefeito falou também sobre desfavelização do Jardim Nogueira e retirada dos moradores da antiga fábrica Austin.

“É muito difícil se acabar com uma favela. Nós tivemos pulso, fomos lá e conseguimos acabar. Nós conseguimos acabar com a Austin. É uma questão e pulso firme. Tem que estar lá e fazer”.

Sobre a Segurança Pública, apesar dos poucos investimentos na área, Fernão Dias, ressaltou que conseguiu manter os índices de criminalidade em nível de primeiro mundo.

“Nós mantivemos índices de primeiro mundo. Não só nós, mas junto com a Policia Militar e a Polícia Civil”.

Sobre os matos e buracos o prefeito desabafou que não tem condições financeiras de terceirizar o serviço.

“A turma só pensa que a administração é isto e não é. Mato e buracos hoje para você contratar uma empresa terceirizada ficaria por volta de 600 mil por mês, ou seja, 6, 7 milhões por ano. Nós temos que trabalhar com os laborosos funcionários da Garagem Municipal. Tem gente com 70 anos, 60 anos capinando. Dia e noite trabalhando. Trabalhando no sol, mas não dão conta.  Eu não tive possibilidade de terceirizar como outros governos anteriores ao meu”.

O prefeito acrescentou ainda que agora com o fim do período de chuva pretende fazer uma reforma geral nas vias públicas.

“Temos 72 ruas para asfaltar, já tem a licitação feita. Asfaltamos boa parte do São José, do Primavera. A turma fala que asfaltei a rua da minha casa, mas eu não moro sozinho lá. Mora um monte de gente. São bairros populosos que precisava ser feito uma hora. E não foi feito por minha causa, evidentemente que não”.

Com relação ao aumento dos servidores municipais Fernão Dias acrescentou que após diversos estudos ficou constatado que não era possível sequer dar 1% de aumento.

“A cada percentual dado equivale a R$ 2 milhões e nós não temos esta disponibilidade. Nós não temos estes R$ 2 milhões. Isto foi tudo consumido com a alta do custeio, com a alta da gasolina. Quando você fala em funcionalismo você fala em 4500 funcionários. É extraordinariamente grande a estrutura. Quando você dá qualquer aumento, você multiplica por 4,500. Conceder 10% de aumento significaria R$ 20 milhões, Dificilmente a Prefeitura vai conseguir bancar com estas despesas futuramente, Como você vai fazer para aumentar a receita? Aumentar impostos? Coisa que eu não fiz. Não aumentei porque se aumentar o imposto do rico ele não está com mais condições de pagar porque ele está com uma sobrecarga tributária que não suporta mais e o pobre não tem mais dinheiro”.

Ele falou ainda que tem a preocupação de manter sempre o salário, as horas extras, as férias e o décimo terceiro em dia e que 2016 foi um ano atípico mas torce para que a situação mude e o país retome o crescimento, acrescentando que valorizou os funcionários de carreira, que hoje, ocupam, segundo ele 50% dos cargos comissionados.

Fernão Dias falou também do corte do serviço de Equoterapia, que era terceirizado.

“A gente gastava R$ 50 mil por mês, atendendo as crianças e a gente resolveu diminuir este valor. Nós vamos retomar a equoterapia, no Posto de Monta, com profissionais contratados e esperamos começar isto no mês de maio”.

Para isto, os cavalos já estão disponíveis, falta apenas, segundo o prefeito, a contratação dos terapeutas e término das obras.

Fernão Dias acrescentou ainda que, com isto, o serviço passa a ser agregado à secretaria de saúde e que no Estádio Cícero de Souza Marques, em frente ao Posto de Monta, haverá um ponto de atendimento aos familiares dos beneficiados pelo serviço. Serão atendidos, segundo o prefeito no primeiro momento 98 pessoas.

Sobre a tão criticada terceirização da saúde, Fernão Dias disse que não tem como a Prefeitura absorver a folha de pagamento de médicos e dentistas.

“Criticam a terceirização, mas alguém tem alguma outra proposta? Não dá para absorver a folha de pagamento. Falar que na saúde não houve um salto de atendimento eu acho que é uma das maiores injustiças que pode ter. Uma UPA que atende 14 mil pessoas, com qualidade, não é possível as pessoas ficarem cegas a isto. Comparar a UPA com aquele pardieiro que era o Bom Jesus? Em que as pessoas, via de regra, ficavam 4, 5, 6 horas esperando por atendimento. Não dá para comparar a qualidade de atendimento nem nos postos de saúde. A demanda cresceu muito. Com a crise e desemprego muita gente migrou dos planos de saúde para o SUS”.

Fernão Dias também criticou as declarações do ex-prefeito Jesus Chedid, durante entrevista ao Bragança em Pauta, em que o mesmo ao anunciar sua pré-candidatura a prefeito disse que tem como prioridade a reabertura do Bom Jesus, acrescentando que muitas das promessas feitas por pré-candidatos não poderão ser cumpridas.

“Vai reabrir o Bom Jesus como? Qual é o custo de um médico por mês? Será que ele sabe? Ele não sabe. Eu também não sabia quando era candidato. Eles não sabem. As vezes as propostas não são mal intencionadas, como não foram as minhas, mas depois que você assume a administração, principalmente em crise, você fala: falei uma bobagem muito grande lá atrás. Eu lembro que o Frangini falava em construir 4 mil moradias. Eu fiz 1650 no talo e é muito. Eu tinha falado 2 mil. Fui o que mais construí casas na história de Bragança. São 140 milhões em investimentos. O Frangini falava em 4 mil e não falava por mal, mas ele não ia conseguir fazer de jeito nenhum. Às vezes, isto não é doloso”.

IMG_0620O prefeito disse ainda que para uma segunda campanha, caso opte por ser candidato será bem mais pé no chão. Já sobre a saída de alguns partidos da administração, por causa da disputa eleitoral ele ressaltou que tem conversado com os 13 partidos que se uniram e tem como pré-candidatos como Rodrigo Pires Pimentel, Gustavo Sartori, Fabiana Alessandri, Jango e Rita Valle.

“Eu não fiz inimigos na política. Eu fiz amigos na política. Eu tenho amigos do lado dos meus opositores. Mas tenho meu partido. Se este grupão quiser se aliar a mim, que venha. Mas eu tenho meu partido e eu defendo o Partido dos Trabalhadores, que terá candidatura própria e eu defendo o governo do PT. Eu gosto do PT e não sou homem de abandonar o barco. Entrei pela porta da frente da política e vou sair pela porta da frente”

Fernão Dias disse que nunca agiu de forma impositiva com os vereadores aliados ao seu grupo e que sempre deu liberdade também aos seus secretários, nunca fez ingerências, por exemplo, no setor jurídico e na Fundação Municipal de Ensino Superior de Bragança.

“É um novo modo de fazer governo e as pessoas não estão acostumadas a este modo democrático, mas absolutamente dentro da verdade e da realidade atual”.

Fernão Dias acrescentou ainda que pode terminar a administração mal avaliado e que um dos motivos disto é a imprensa.

“Quando você corta 50 mil por mês de um jornal de grande circulação na cidade você ganha um inimigo figadal. Quando você tem uma rádio que 50%, 60% da população ouve e é contra você, contra mesmo que não tem coragem de me entrevistar ao vivo, o que você ganha? ”

O prefeito disse ainda que apesar, de parte da mídia democrática dar voz a ele, não consegue ter o mesmo alcance que os grandes veículos da cidade e que além disto, ele é o primeiro prefeito a enfrentar a era do facebook, em que todas as pessoas registram as coisas que acontecem no município a todo tempo.

“Os buracos sempre existiram. Os matos também. Hoje é mais difundido”, disse.

Com relação a operação do GAECO em sua residência Fernão Dias afirmou que a mesma foi política.

“Na minha ótica fica claro que foi uma ação política que conseguiu o objetivo de levar minha mulher presa, o doce da minha vida. Uma mulher que tem todas as qualidades que uma mulher pode ter”.

Acrescentou que foi acusado de fazer desapropriações indevidas e que sequer realizou uma desapropriação na cidade.

  “Levaram minha mulher por causa de uma mira laser. Eu não tenho constrangimento de falar da injustiça que foi cometida na minha vida. Uma hora a verdade vai surgir e os verdadeiros culpados desta ação vão aparecer. Uma ação política. Talvez a prisão da minha mulher seja o meu atestado de idoneidade. É isto que acharam na casa de dois policiais há mais de 25 anos? Uma mira a laser?”

Para finalizar o prefeito reafirmou que mesmo com a crise em alguns pontos sua administração foi imbatível.

“Foi um governo pobre desde o primeiro dia, mas eu reputo que foi um governo imbatível por exemplo na habitação. Eu fiz uma cidade para os mais necessitados. É minha parte de contribuição na vida. As pessoas têm que parar com discursos demagógicos e chamar a crise para o peito. Nós temos sim dificuldades de tapar buracos mas é porque estamos em crise e não é só no país é no mundo inteiro”.