Questão de Opinião: Pichação e falta de cidadania

 

OPINIÃONo final da tarde de segunda-feira, dia 29, a reportagem do Bragança Em Pauta, recebeu a informação que a Equipe de Rondas Ostensivas da Guarda Civil, com apoio de outras viaturas, conduziu ao Plantão Central dois menores de idade que foram flagrados pichando o prédio da antiga Santa Basilissa

Por se tratar de menores de 18 anos, o caso teve registro como Ato Infracional e claro, que os adolescentes sairam da delegacia, se bobear até mesmo antes que os guardas, que assim como os policiais militares, diga-se de passagem já estão cansados de ver esta cena se repetir por tantas vezes, até mesmo em casos mais graves.

Mas hoje, não vou falar das leis e da sensação de impunidade que tanto me incomoda. Em outra oportunidade, prometo voltar no assunto.

A foto da pichação, me fez pensar muito sobre a falta de cidadania das pessoas.

Tem gente que reclama da sujeira da cidade, mas joga lixo pela janela do carro.

Tem gente que critica o governo com relação a situação da dengue, mas acumula no quintal garrafas cheias de água e pneus usados e pior, não deixa o agente de saúde vistoriar sua casa.

Tem gente que fala em indústria de multas, mas para o carro “só por cinco minutos” na calçada, dirige sem cinto,  falando no celular e em alta velocidade.

Não dá. Não dá mais para só criticar o governo pela corrupção e oferecer propina para o guarda, fingir que esta grávida para usar a fila preferencial no banco, estacionar na vaga de idoso e fingir que não viu a placa.

Refletindo sobre isto tudo, me pergunto o que leva um jovem a comprar um spray de tinta e pichar os muros, paredes e monumentos.  É uma forma de protestar? Uma forma de se aventurar?

Já passei da adolescência há algum tempo, mas sinceramente, não consigo entender isto como protesto e nem como aventura.

 

Existem outros jeitos mais inteligentes de protestar  e de se aventurar. Além disto, se a intenção deles era deixar o nome gravado em algum lugar que estudem e trabalhem para deixar marcas na história da cidade ou mesmo na história das pessoas que os cercam, por coisas boas que fizeram e não por um monte de rabisco em um prédio que embora, abandonado, este sim, faz parte da história de nossa cidade.

ef2a5be2-1b81-41a3-a062-81c6b37c0275Pichação só serve para deixar a cidade feia. Não é arte. Não acrescenta nada na vida de quem faz e ainda gera prejuízos para quem tem que limpar a sujeira toda.

Pode me chamar de careta. Mas esta é minha opinião.

E para os dois adolescentes que picharam a antiga fábrica deixo meu recado: vão pichar o quarto de vocês, se é que a família de vocês vai concordar com isto.

Vão estudar, namorar, praticar esporte, enfim, fazer qualquer coisa que além de estar dentro da lei, possa acrescentar algo na vida de vocês.

Que tal por exemplo, ir estudar, desenho ou pintura? E não venham com a desculpa de falta de dinheiro. Hoje, em dia tem tanta informação pela internet,  de forma gratuita, que algo melhor para fazer com certeza vocês acharão.

Tenho uma lista de sugestões de coisas que podem ser feitas, não só pelos dois pichadores, mas também para quem só reclama da vida e dos outros.  Que tal doar sangue? Ou então ser voluntário em alguma instituição de caridade, visitar uma creche ou um asilo? Ou então, quem sabe seja uma boa ideia, plantar uma árvore, ajudar alguém atravessar a rua, dar um bom dia ao porteiro, uma gorjeta ao entregador de pizza, uma palavra amiga para o colega que chegou estressado no trabalho, organizar o quintal para evitar a dengue, limpar a caixa d’água, fazer as pazes com alguém que brigou por motivos banais.

Vale até dançar na chuva, organizar um movimento pacifico contra o aumento da passagem do ônibus ou do salário do vereadores em 2017.

E nos caso dos adolescentes, que tem entre 16 e 18 anos e ainda não são obrigados a votar, que tal ir ao cartório eleitoral para tirar o título de eleitor e ai sim exercer a cidadania? Só através de ações conscientes podemos mudar o mundo. Mas para isto, claro que precisamos mudar primeiro a nós mesmos, diariamente, fazendo a nossa parte.